- Conferência de Runas e Espiritualidade Nórdica
Encantamento de Brynhild para Sigurd
Por Robson Madredeus Carvalho

“Brynhild encheu uma taça e a deu para Sigurd, e pronunciou então:
Cerveja eu te dou,
líder do foro das couraças,
mesclada com poder
e com grande glória.
plena está de feitiços
e de runas curativas,
de benfazejas magias
e de palavras de júbilo.
Runas de vitória deves conhecer
se almejas te tornares sábio,
e talha-as nas guardas da espada,
no miolo da lâmina
e noutras partes ainda
e nomeia Tyr duas vezes (Tiwaz).
Runas de espuma tu deves fazer
se quiseres conservar a salvo,
no estreito, os córceis veleiros (navios).
À proa serão gravadas
e à lâmina do leme,
e aos remos ferreteadas.
Não rebentarão pujantes vagas
assim, nem ondas negras,
e são sairás do oceano.
Runas de fala deves conhecer
se queres que ninguém
com ódio repague-te danos.
Tens de agitá-las,
misturá-las,
dispô-las todas juntas,
naquele foro
onde as gentes irão
à corte completa.
Runas de cerveja deves conhecer
se queres que esposa de outrem
não te traia a confiança, se tu crês.
No chifre devem talhar-se
e nas costas da mão,
e na unha desenha a Necessidade (Naudhiz).
Taça cheia tens de marcar;
guarda-te do infortúnio
e no líquido lança alho-porro.
Assim eu bem sei
que não terás jamais
hidromel com mal mesclado.
Runas de ajuda deves usar
se quiseres obter auxílio
e retirar da mulher a prole.
Deves na palma cortá-las
e segurar na mão dela
e pedir às donzelas (nornas) ajuda.
Runas de ramos deves conhecer
se queres ser curador
e saber sarar as chagas.
Na casca se devem talhar
e em folhas de uma árvore
com ramos voltados ao leste.
Runas da mente deve usar
se querer ser de todos
o mais sábio varão.
Elas foram reveladas,
elas foram gravadas,
elas foram pensadas por Hropt (Odin).
No escudo foram gravadas,
que é postado diante do deus refulgente (sol),
nas orelhas de Arvak
e na cabeça de Alsvinn (cavalos que puxam a carruagem solar)
e na roda que está
sob a carruagem de Rungnir (gigante)
nas rédeas de Sleipnir (cavalo de 8 patas de Odin)
e na trava do trenó,
Na pata do urso
e na língua de Bragi (deus da poesia),
nas garras do lobo
e no bico da águia,
nas asas sangrentas
e no extremo da ponte (bifrost)
na mão salvadora
e nos passos do alívio,
No vidro e no ouro
e na boa prata,
nNo vinho e na cerveja
e no assento da sibila,
na carne do varão
e na ponta de Gaupnir (referência a Gugnir, a lança de Odin)
e no peito da giganta,
na unha da Norna
e no bico do mocho.
Foram todas raspadas,
estas que foram talhadas,
e misturadas ao hidromel santo
e enviadas a vastas vias.
Elas estão com os elfos,
umas com os ases
e com os sábios Vanes,
a outras têm homens mortais.
Eis as runas da cura
e as runas da ajuda
e todas as runas da cerveja
e esplêndidas runas da força,
para todos que possam,
imáculas, sem aviltá-las,
ter para a sua boa ventura.
Faz delas uso, se aprendeste,
até que feneçam os deuses (Ragnarok).
Deves agora escolher,
conforme te é dada uma escolha,
tu, ácer de armas cortantes.
Falar ou calar?
Pondera tu próprio.
As palavras já estão decididas.”
Extraída do livro “Sagas Islandesas - Saga dos Volsungos” traduzido do Islandes Antigo por Théo de Borba Moosburger, editora Hedra, 2011.
Neste link tem um vídeo onde recito o poema explico, dentro da prática rúnica, alguns trechos dele.